quinta-feira, 30 de maio de 2013

20º CONGRESSO INTERNACIONAL EDUCAR EDUCADOR

Quero compartilhar com os amigos Docentes da Rede Pública Estadual do Rio de Janeiro a experiência vivida. O Congresso foi realizado na Expo Imigrantes, em São Paulo, entre os dias 22 e 25/ 05/ 2013. Como a participação foi viabilizada pela SEEDUC RJ, entendo que é meu dever dividir minhas percepções com a Rede.

Quero registrar, porém, que faço aqui uma exposição livre, resumida e muito particular, é a minha interpretação do que vi e ouvi, não se trata pois de um relatório institucional. Assim, leiam com olhos bondosos, rsrsrs!!!

Estava em dúvida, pensei em escrever por tema, mas resolvi relatar em ordem cronológica.
Resolvi também destacar o meu grau de contentamento com a atividade, de modo que:
 
* significa "Não Foi Bom";
** significa "Foi Bom";
*** significa "Foi maravilhoso"!!!

22/05/ 2013 Atividade 1
 
 

Escolhi o evento de número 5
"Leitura de Indices de Avaliação Externa: IDEB, ENEM e PISA como instrumentos de intervenção pedagógica" *
Com Luciano Rocha (Doutorando em Educação UFPR - Especialista em avaliação da aprendizagem)

Eu tinha alta expectativa a respeito desta fala, aliás, ando há tempos desejosa de ver uma mudança nestes congressos, seminários e simpósios e etc., uma virada de disco!

Embora o Professor tenha apresentado alguns elementos interessantes para aqueles que têm pouca intimidade com a análise de resultados, mostrando como ler os resultados das avaliações externas, como entender as escalas de proficiência, etc., a fala girou em torno do que na Rede Estadual do Rio já estamos cansados de saber(e discutir): "temos que ultrapassar o conceito de ranking ... e traduzir a proficiência"; "é preciso propor projetos de intervenção pedagógica tomando por base o nível de aprendizagem dos alunos"; "os desafios são aumentar a taxa de aprovação, combater a evasão e melhorar o desempenho em Línga Portuguesa e Matemática"; "os alunos devem aprender mais e no tempo apropriado"; "temos que questionar o que os professores sabem sobre o desempenho dos alunos e o que a equipe pedagógica sabe sobre o planejamento e a prática docente";  temos que nos perguntar se "a formação continuada oferecida é a adequada".

Concluí que em nossa Rede estamos muito avançados e saí um pouco frustrada, esperava um nível mais elevado!!!



22/05/ 2013 Atividade 2

Escolhi o evento de número 17
"Quais os pontos essenciais para a definição de Políticas Públicas que impactam numa educação consolidada e de qualidade" ***
Mesa com Luiz Araujo (Doutorando em Educação USP - Especialista em História da Amazônia), Marcia de Carvalho (Especialista em Gestão Pública - Ex Secretária Municipal de Educaçao de Caxias do Sul), Claudia da Cruz (Pedagoga - Ex Secretária Municipal de Educação), Mediada por Regina Shudo (Pós-Graduada em Metodologia de Ensino)

Foi um debate muito interessante que ainda contou com uma convidada, a Professora Lucia, da Secretaria de Estado de Educação de São Paulo.
A mediadora convidou cada palestrante a proferir fala inicial sobre a temática e depois, na segunda rodada, respondiam perguntas do público presente.

A Professora Marcia foi a primeira a falar e destacou que educação de qualidade é a que dá conta de ensinar, boa escola é aquela que faz o aluno aprender. Ela destacou a importância da gestão, destacando vários aspectos que devem ser considerados pelos dirigentes, sobretudo o financeiro, a formação (qualidade técnica das equipes), etc; discorreu sobre a importância da definição de política de estado e não de governo;
A Professora Cláudia, na sequência, falou dos avanços advindos das políticas federais, da democratização do acesso, da disponibilização de ferramentas de gestão e de transparência, das diretrizes nacionais, das avaliações externas, etc. Mas destacou os desafios, acredita que os entes federados ainda não se articularam como se deve (níveis federal, estadual e municipal); defende o fim da "briga" entre área social e econômica e a superação das desigualdades regionais;
O Professor Luiz acha que não há fórmulas, mas que há caminhos. Diz que navegar é preciso, mas que é fundamental ter um destino. Ele aponta um problema estrutural: acha que como a educação é descentralizada, os estados e municípios são (e serão sempre) desiguais, ou seja, os menores terão sempre menos a investir. Ele defende a criação de padrões mínimos e de melhor divisão de responsabilidade, acha que a União tem que colocar a mão no bolso, afinal arrecada R$ 0,57 de cada R$ 1,00 que pagamos de impostos. Ele também colocou uma posição muito interessante, acha incorreto que nos comparemos com a Finlândia por exemplo ou outras realidades européias, eles fizeram o dever de casa  pós 2ª Guerra, agora vivem a manutenção; nós estamos por fazer o dever de casa;
Por fim, a Professora Lucia, destaca mais uma vez a questão da articulação, diz que por vezes parece haver competição entre os poderes ou entre as áreas de uma mesma esfera. Destaca também a importância da chegada da política pública à escola, ou seja, a comunicação. Fala da falta de quadros efetivos (e qualificados); fala do monitoramento e da avaliação da política e destaca a importância do controle social.
Todos concordam com a criação de um Sistema Nacional, de uma base mínima não sujeita aos "humores políticos".


 
23/05/ 2013 Atividade 3
 

Escolhi o evento de número 22
"A Gestão e os Princípios para uma Educação da Infância de Qualidade" **
Cláudio Castro Sanches  (Mestre em Educação e Doutorando em Educcação PUC - São Paulo)

Antes de tudo mais, devo dizer que aqui se deu o contrário do que experimentei no primeiro dia de congresso, a minha expectativa não era muito elevada. Mas, logo caí de amores pelo Professor Cláudio.

O Professor defendeu o resgate das brincadeiras de infância no cotidiano escolar, mostrando como elas apoiar a construção de habilidades cognitivas importantes.
Em seguida nos convidou a pensar "fora da caixa", nos convidando a ouvir uma música e nos perguntando quantos instrumentos e pessoas identificávamos ali. As resposta foram as mais variadas, claro. Qual não foi a surpresa quando nos mostrou o vídeo e vimos que muitas pessoas faziam diferentes sons em um mesmo instrumento.
Pesquisei no Youtube e aí está:



O Professor reflete sobre o tema de sua fala, fala que "príncipio" vem do latim e significa origem, início, ponto de partida.
Outro aspecto abordado é o do monitoramento do projeto, para o Professor, quem faz um projeto e não o revisita, por melhor e mais bem intencionado que seja, corre o risco de não chegar a lugar algum.
Fala da Gestão da Infância e apresenta uma tríade formada por Gestão da Criança, Formação Acadêmica e Continuada e, por fim, Organização do Trabalho Docente.
Destaca a importância do perfil do Docente, da busca pelo melhor profissional, diz que, falando do Docente, "aquele que não crê, eu posso convencer; aquele que não sabe, eu posso ensinar; mas aquele que não quer, eu tenho que mandar embora".
Defende ainda que ao Docente (e ao sistema) é fundamental conhecer a história da criança.
Na sequência, discute um pouco sobre o ensinar e o apresender, apresentando um trecho de "Avenida Brasil" (se declara um noveleiro), onde um personagem "ensina" o outro a ler, no entanto, após "ler" tudo, o segundo personagem pergunta, "mas o quer dizer isso mesmo?".
Para o Professor o Docente também é Gestor, é o Gestor das ações pedagógica.
O Professor apresenta algumas imagens e um vídeo para discutir porque muitas vezes o Professor (e também a família) poda a criatividade, a individualidade da criança em prol de um projeto (impossível) de homegeneizar a turma.
Queria muito dividir as imagens, mas não as encontro, mas o vídeo é este aí:



Enfim, à luz da tríade da Gestão da Infância, o Professor conseguiu nos levar a uma reflexão deliciosa sobre a escola e o professor que temos para nossos pequenos e nos pensar na que escola e na educação que queremos.





23/05/ 2013 Atividade 4
 

Escolhi o evento de número 31
"O Monge e o Executivo" ***
James Hunter (Professor, Consultor e Palestrante na área de Liderança)

Cabe contar que ainda não li "O Monge e o Executivo", mas minha amiga Alexandra já resolveu o problema me emprestando o seu. mas eu já havia lido "Como se tornar um líder servidor".
Fiquei completamente encantada com o James, gostei muito e recomendo!!!
 
Ele começa falando que Liderança tem a ver com algo que despertamos no outro, com a marca que deixamos. Liderança é a inspiração que você é capaz de provocar em outros. E é algo que te pertence, que define quem você é. Diz que Liderança é caráter em ação. Diz que todos devemos "ser os chfes que gostaríamos de ter". Cita Gandhi quando este diz: "Seja a mudança que você deseja para o mundo".
 
Fala de princípios da Liderança Servidora.
 
Destaca a nossa capacidade, capacidade humana, de fazer escolhas morais, aquela capacidade de vencer a batalha entre o que você quer fazer, pro exemplo e o que você deve fazer.
 
O Professor diz que em sua percepção, nós, brasileiros, temos uma dificuldade em dizer "não". Destaca aspecto da nossa cultura, de sermos "legais". Diz que os grandes líderes abraçam,mas também dão palmadas, ou seja, encontram um equilíbrio. Ele diz que um Líder Servidor é honesto, sempre diz a verdade, tem horas que o líder diz "não", sobretudo porque há (ou pode haver) uma diferença entre o que a Euipe quer e o que ela precisa.
 
Destaca a liderança de Jesus Cristo, citando Mateus 20:
26 Não será assim entre vós; mas todo aquele que quiser entre vós fazer-se grande seja vosso serviçal;
27 E, qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo;
28 Bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos.
Para ser um Líder há primeiro que ser um Servidor.
 
Diz que não precisamos mais comprar e ler livros de liderança, nem os seus, diz que precisamos apenas ser como queremos que sejam conosco. Cita provérbio budista, "Quando o aluno está pronto, o professor aparece". Diz, enfim, que é um "ladrão", que as ideias do livro não são suas, que são antigas, que tudo já está aí há tempos.
 
O Professor tem uma definição de amor bem diferente da convencional, acredita que a palavra é mal interpretada. Acha que amor não é sentimento, mas ação, ou seja, não é algo que sentimos, mas que fazemos. Diz que muitos dizem "eu te amo", mas não praticam o amor. Menciona um famoso técnico de futebol americano que falava aos seus jogadores nas preleções que "como líder não precisava gostar deles (e nem eles dele), mas que como líder era obrigado a amá-los", ou seja, ele tinha que agir, que praticar ações em prol daquele time. Define amor como a reunião de algumas características de ação: paciência, gentileza, perdão, honestidade, compromisso. Não são sentimentos, são atitudes, vividas, praticadas no cotidiano. Eu gostei muito disso, pois é fato, há muita gente por aí escrevendo e falando muita coisa, mas quando você olha a prática ...!!!
 
Termina chamando-nos à reflexão sobre a enorme responsabilidade que temos junto aos nossos alunos e professores. Cita Tolstoi, "Todos pensam em mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo." e nos deixa uma questão: o que temos feito para servir?
 
Não preciso nem dizer que foi maravilhoso!!!
 
 
 
 
 
23/05/ 2013 Atividade 5

Escolhi o evento de número 45
"A Avaliação da Gestão Diretiva" ***
Pedro Valiente Sandó (Doutor em Ciência Pedagógicas, Diretor Científico da Universidade Pedagógica José dela Luz y Caballero, Holguin - Cuba)
 
O Professor Pedro é maravilhoso, muito inteligente e capaz.
 
A palestra consistiu na apresentação de um estudo, um projeto da Universidade José dela Luz y Caballero, que culminou em 5 teses de doutorado e na construção, claro, de um modelo de avaliação da gestão escolar.
O que mais me chamou a atenção na fala do Professor foi  que aqui no Brasil quando falamos em gestão, em instituição de método de gestão, em ferramenta de avaliação para avaliar a escola e o professor, levanta-se um discurso de pseudoesquerda e acusações de que tratam-se de práticas neoliberalistas, de que é mais um golpe burguês, etc. 
É quase palavrão, em alguns meios, dizer "vou avaliar você", "você não tem método" e, de repente, vem este cubano roxo, defendendo o seu sistema com unhas e dentes, mas falando com muita naturalidade, tem que avaliar o ensino sim, tem que avaliar a gestão da escola sim porque é assim que se eleva a qualidade e cita Marx, quando este diz "Todo trabalho diretamente social ou coletivo, executado em grande escala, exige com maior ou menor intensidade uma direção que harmonize as atividades individuais e preencha as funções gerais ligadas ao movimento de seus  órgãos isoladamente  considerados. Um violinista isolado comanda a si mesmo, uma orquestra exige um maestro (MARX 1980).
Gamei!!!
 
Em suma, o projeto implantado nas escolas da Pronvíncia de Holguin resultou num modelo de avaliação constituído de 3 dimensões, 9 indicadores e 35 critérios que visam acompanhar, monitorar e apoiar a gestão escolar.
 
Os pesquisadores observaram 2 problemas ao iniciarem sua pesquisa: a escassez de recursos metodológicos da área e a falta de conhecimento necessário (por parte dos gestores), o que é uma consequência.
Perceberam que por conta dos problemas identificados, o improviso é uma constante.
 
Assim, em suas dimensões, indicadores e critérios, aspectos diferentes da gestão são considerados, gestão pedagógica, gestão de pessoas, gestão diretiva, etc.
 
Foi uma atividade muito interessante!
 
 
 
 
23/05/ 2013 Atividade 6

Escolhi o evento de número 52
"Gestão Escolar, Democrática e Ética" *
Vitor Paro (Professor Titular na Faculdade de Educação da USP - São Paulo)

Foi uma experiência assustadora!
A pessoa tem livros lançados (e consagrados), você espera um conteúdo. Fora que a temática é totalmente do meu interesse.
Não foi de fato uma boa escolha, houve muita crítica, pouca ética e nenhum conteúdo. Não me senti contemplada, sem nenhuma crítica claro às capacidades do palestrante.´
É quando quando a gente assiste uma apresentação dá-se uma relação entre quem fala e quem ouve. Cada um que estava ali sentado sentiu de um modo e há de ter quem tenha gostado porque tem a ver com o momento de cada um e com a altura da caminhada. Na altura atual da minha caminhada pedagógica e de gestão, achei tudo sem sentido.

O Professor falou isoladamente dos conceitos de Ética, Democracia e Gestão Escolar, nesta ordem.

A Ética para ele tem dois sentidos: domínio de valores e manifestação da vontade.
Sobre Democracia, cita Churchill "A democracia é o pior sistema", não preciso escrever mais nada!
Sobre Gestão, diz que para ele o termo é sinônimo de Administração. Diz que nós não conhecemos (mas ele conhece), escola sem Diretor, que é um equívoco pensar que sempre precisa haver um líder, um Diretor para uma escola funcionar. Aqui, para mim, o tema da palestra já perdeu o sentido. Mas teve mais, pérolas do tipo "avaliações externas não melhoram nada".

E nada mais tenho a declarar!!!


 
 
 
Em breve, relatos do 3º dia de Congresso.